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Trichoderma se mostra eficiente no controle de sclerotínia em folhosas

 Crédito Pixabay
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Trichoderma é um fungo habitante natural do solo que tem a capacidade de se alimentar ou produzir substâncias que inibem o crescimento de diversos patógenos, microrganismos que causam doenças no solo, como FusariumRhizoctonia e Sclerotinia – este último, especialmente em folhosas, como alface e chicória.
O agente de biocontrole ainda gera nutrientes, não deixa resíduos nos alimentos e pode ser utilizado no tratamento de sementes, evitando que doenças atinjam as plantas nesse estágio.
Sclerotiniasclerotiorum é o fungo causador da doença popularmente conhecida como mofo branco. São relatadas mais de 400 espécies vegetais hospedeiras do fungo, entre as quais estão diversos cultivos importantes. Entre as hortaliças, o mofo branco causa sérios danos em tomate, batata, ervilha, repolho, chicória, couve-flor, cenoura, salsinha, alface e cucurbitáceas em geral.
Sintomas
Os sintomas variam em função da idade em que ocorre e do órgão vegetal afetado, podendo causar desde podridões em pré-emergência e tombamentos em plântulas (damping-off) até podridão de colo e raiz e murcha de folhas, chegando a causar necrose total e generalizada dos tecidos, o que leva a perdas significativas na produção dos cultivos afetados.
Em folhosas, como a alface, o ponto de infecção são as folhas mais próximas à superfície do solo. No início do ataque surgem podridões aquosas nos pecíolos, com posterior murcha e morte da folha.
Ocorre a formação de um denso micélio branco cotonoso que cobre os tecidos mais afetados, com posterior formação de escleródios de até 02cm no tecido degradado e sobre o solo. Os escleródios, estruturas de resistência, permitem a sobrevivência do fungo no solo por até oito anos, correspondendo ao inóculo que dará origem às novas infecções nos cultivos seguintes (inóculo inicial).
Condições favoráveis
Os escleródios podem germinar e desenvolver o micélio que infecta os tecidos vegetais na região do colo e raízes. Em condições favoráveis de alta umidade e molhamento foliar aliado a temperaturas amenas, formam-se os chamados apotécios, estruturas de frutificação do fungo onde são produzidos os esporos.
Semelhantes a pequenos cogumelos, emergem do solo e, com a dispersão dos esporos pelo ar, ocorre disseminação da doença na área de cultivo, com a infecção dos tecidos aéreos do hospedeiro.
Os esporos produzidos em um apotécio podem ser carregados por até 100 metros de distância. A faixa de temperatura considerada ótima para o desenvolvimento da doença é de 15 a 20°C, bem como a presença de resíduos orgânicos ao redor das plantas, que favorecem a colonização pelo fungo.
Prejuízos
As perdas causadas pelo ataque de S. sclerotiorum podem chegar a 100%, dependendo da cultura, da quantidade de inóculo inicial e das condições ambientais. Há relatos de perdas de até 50% em repolho, 70% em alface e 80% em salsinha e coentro.
Em alface, os sintomas evoluem mais rápido que a queima da saia, causada por Rhizoctoniasolani, pois o fungo coloniza toda a região basal da planta e causa necrose total do caule e da base das folhas.
Controle
Uma maneira de se controlar esta doença é por meio do manejo biológico com a utilização de fungos pertencentes ao gênero Trichoderma, que trazem diversos benefícios e favorecem o desenvolvimento da alface.
  Como são naturais do solo, os fungos do gênero Trichoderma podem viver saprofiticacmente e são capazes de degradar materiais diversos, bem como lisar a parede celular de outros fungos como a Sclerotinasclerotium e também produzir antibióticos voláteis e não voláteis.
Opções em Trichoderma
No mercado brasileiro há diversos produtos comerciais à base de Trichoderma, com diferentes espécies que podem ter a eficiência diferenciada, porém, poucos indicam na bula a eficiência para a cultura da alface.  Os produtos comerciais estão apresentados nas seguintes formulações: suspensão concentrada, granulado dispersível, pó molhável, concentrado emulsionável, esporos secos e grãos colonizados.
A dose recomendada é de 150 g/ha do produto comercial logo após o transplantio das mudas. O produto comercial está em torno de R$ 380,00/kg. Porém, o produtor deve procurar o produto comercial que traz a eficiência agronômica do Trichoderma para a cultura de folhosas, como a alface.
O custo-benefício é um ponto importante na utilização do controle biológico e umas das primeiras contas que o produtor rural deve fazer é a economia que fará ao planeta, em função da utilização de produtos biológicos.
Para a cultura da alface, o problema é ainda maior, em função dos produtos químicos terem um residual maior quando comparados aos biológicos.
revistacampoenegocios 
Daniela Tiago da Silva Campos
Doutora em Microbiologia do Solo e professora da UFMT/DFF/Laboratório de Microbiologia do Solo
Giovani de Oliveira Arieira
Doutor em Fitopatologista/Nematologista e professor da UFMT/DFF/Laboratório de Fitopatologia

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