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Pesquisadores criam abacaxi sem espinhos, com mais polpa e resistente à praga


Quem planta abacaxi já ouviu falar sobre a Fusariose, doença causada por um fungo e que ataca a planta e apodrece parte do fruto. Para os agricultores desse tipo de cultura, a doença é uma preocupação, principalmente, porque é ela a responsável por aproximadamente 40% das perdas de produção comercializadas no Brasil.  No entanto, no Espírito Santo (ES), uma pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), resolveu a dor de cabeça dos produtores. Pesquisadores criaram uma variedade da fruta resistente à praga e com outras vantagens: o abacaxi Vitória.

O pesquisador do Incaper José Aires Ventura, de 62 anos, afirma que a pesquisa foi iniciada na década de 80. “No Espírito Santo, o abacaxi é cultivado, principalmente, por agricultores familiares. A melhor estratégia era trabalhar no sentido do melhoramento genético. No caso, desenvolver novas variedades que fossem resistentes à doença”, justifica. O abacaxi Vitória foi lançado em 2006, no município de Sooretama. José conta ainda que a nova versão da fruta não tem espinhos nas folhas, o que facilita os tratos culturais e ajuda o agricultor a organizar o plantio. Além disso, a polpa branca é de 15% a 18% mais doce do que os abacaxis convencionais, como o Pérola. “Além disso tudo, é resistente à principal doença da cultura no país e ainda está dentro do padrão exigido pelo mercado consumidor. Os frutos têm aproximadamente 1,4 kg, miolo pequeno, ou seja, tem mais polpa e é extremamente doce, com um equilíbrio de acidez muito bom”, destaca o pesquisador.

Renda
Em Corda do Mutunzim, no município de Boa Esperança, o agricultor familiar Joel Mardegan, de 43 anos, conseguiu colher bons frutos da variedade. Plantou três mil mudas da planta na primeira tentativa. Na segunda, ao ver o sucesso do resultado, aumentou o número para 10 mil. O aumento da produção, em conjunto com as outras culturas já plantadas na propriedade, gerou a necessidade de um sistema de irrigação maior. Para conseguir melhorar a estrutura, o agricultor contou com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), coordenado pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead).

“Eu trabalhava com o Pérola, mas a produção diminuiu e descobri o abacaxi Vitória. Foi muito bom porque além de comercializar na feira, também vendi por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), e ainda no atacado. O comprador vinha na roça comprar, diretamente comigo”, conta o agricultor. Em 2017, pesquisas realizadas pelo Incaper mostraram que o lucro do agricultor com o Vitória é 274% maior ao obtido com o cultivo do tipo Pérola. Cultivada em fileira dupla, a planta também alcançou lucro 251% superior ao do cultivo do Smooth Cayenne, outra variedade cultivada da fruta. Ventura explica que em um hectare cabem cerca de 52 mil pés da planta e, por ter muitas vantagens, a variedade começou a ser também plantada por grandes produtores.

Recuperação
O Estado do Espírito Santo, a exemplo de vários outros do país, passou os últimos três anos lidando com crise hídrica, o que fez Joel e muitos outros produtores deixarem de plantar o abacaxi. Com o fim da estiagem, no final de 2016, o agricultor está esperançoso em começar uma nova safra. “Já estou preparando a terra para plantar novamente. Vou começar com 500 a 1000 mudas e ir aumentando aos poucos”, relata.

Extensão
As pesquisas aplicadas contam com a parceria da extensão rural. Dos 78 municípios do estado, 32 têm propriedades da agricultura familiar que plantam abacaxi Vitória. Em Boa Esperança, Norte do Espírito Santo, o extensionista do Incaper Ivanildo Schmith Küster, de 37 anos, destaca que é no campo que se aperfeiçoa os resultados das pesquisas. “A extensão auxilia porque a pesquisa, em geral, manda um produto finalizado. Entretanto, ao chegar no campo, com os diferentes tipos de solo, clima, tipo de irrigação, sempre aparece algo que precisa ser melhorado. E a gente passa esse feedback para os pesquisadores”, explica o extensionista. Küster, que também é biólogo, desenvolveu uma pesquisa sobre a maturação do abacaxi Vitória para explicar o momento certo da colheita aos agricultores. “Ele pode ser plantando em qualquer época do ano, mas, na hora da colheita, é um pouco diferente dos outros. É um abacaxi que não pode ser colhido ainda verde, porque fica ácido. A fase ideal da colheita é quando começa a madurar”, indica.

Pronaf
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País. O acesso ao Pronaf inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.

Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o sindicato rural ou a empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), como a Emater, para obtenção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que será emitida segundo a renda anual e as atividades exploradas, direcionando o agricultor para as linhas específicas de crédito. Para os beneficiários da reforma agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE). O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao Crédito Pronaf, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são definidas, anualmente, a cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses de junho e julho.

Fonte: Sead

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