Pular para o conteúdo principal

Tecnologia e inovação – plantio agrupado de soja


Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock
O Brasil é o segundo produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, mas com potencial de expansão do mercado maior que o dos americanos. A projeção é que a produção nacional cresça à marca de 3,15 ton/ha até 2024. A previsão é que as terras adicionais para tal crescimento serão na região conhecida como Matopiba (Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), segundo a FAO.
A soja é uma oleaginosa que apresenta enorme importância como produto nacional, sendo largamente utilizada na indústria alimentícia para fabricação de manteigas, sorvetes, sucos, maioneses, barra de cereais, dentre outros. Também é utilizada como fonte de alimento aos animais, na produção de biodiesel e até no ramo de cosméticos, farmacêuticos, etc.
Os números da soja são impressionantes, sendo que 44% dos grãos são exportados, 7% estocados e os outros 49% restantes processados. Dos 49%, 79% são destinados a farelos (podendo 52% serem exportados, e 48% para uso animal), e os 21% restantes podem ser usados para consumo doméstico (77%) ou exportados (23%).
Teto produtivo
Para se obter maiores produtividades, os produtores rurais têm buscado diferentes alternativas, sendo uma delas os novos arranjos de plantas nas linhas de semeadura. No Brasil são utilizadas diversas populações diferentes de plantas, dependendo do material genético utilizado, que possam se adaptar melhor às diferentes regiões.
Alguns produtores variam também o espaçamento entre linhas e a maneira de plantar, como o uso de alta densidade de plantas, fileiras duplas, etc.Uma das novas técnicas que surgiu recentemente é a semeadura cruzada, que se baseia em dar duas passadas com a semeadora, uma perpendicular à outra. O que impossibilitou esta prática em larga escala no Brasil foi o elevado custo operacional que, mesmo propiciando um incremento na produção, não vale a pena na relação custo/benefício.
 Paulo Roberto Arbex Silva,, professor de Mecanização Agrícola da UNESP de Botucatu - Crédito Arquivo pessoal
Paulo Roberto Arbex Silva,, professor de Mecanização Agrícola da UNESP de Botucatu – Crédito Arquivo pessoal
Ideias que deram certo
Recentemente surgiu outra técnica de arranjo de plantas chamada de semeadura agrupada de soja, que se caracteriza por semear quatro sementes juntas, na mesma “cova”. Algumas empresas colocaram no mercado um novo conjunto de disco, anel e martelete que permite esta forma de semeadura com uma única passada da semeadora, mantendo o mesmo custo e rendimento de um plantio convencional.
Alguns procedimentos desta técnica permanecem iguais à semeadura convencional, tal qual a população de plantas por hectare. Isso permite que o cálculo de adubo depositado na área seja o mesmo do convencional.
Como exemplo, podemos citar: se uma variedade é recomendada pelo fabricante para 315 mil sementes por hectare, ela deverá ser plantada com 14,2 sementes por metro, no caso de espaçamento entre linhas de 0,45m. Isso significa que a distância entre cada semente será de 07 cm. Para se plantar agrupado, essa distância será quadruplicada, ou seja, quatro sementes espaçadas a cada 28 cm.
Como a população total de plantas não se altera, o produtor consegue semear com a mesma quantidade de fertilizante recomendada pela análise de solo realizada na área. Outra coisa que não varia é a regulagem da semeadora para o número de sementes por metro que serão depositadas, pois o número de sementes é igual à semeadura convencional.
A semeadura agrupada de soja se sustenta em algumas teorias, porém, ainda sem resultados de pesquisa comprovados. Relatos dos adeptos desta prática defendem que a competição intraespecífica causada propositalmente induz a planta a tentar ser mais forte que a outra, aumentando, por consequência, o seu sistema radicular, a parte vegetativa e, portanto, a produtividade.
Outra teoria relacionada a tudo isso é o aumento da incidência de luz em cada planta, devido à maior distância entre as “covas”. Relacionado a toda esta teoria, indica-se uma menor incidência de doenças causadas por fungos, pois este arranjo de plantas também irá ocasionar menor umidade na parte mais baixa da planta.
 Luan Solér Francischinelli, graduando em Agronomia - UNESP de Botucatu - Crédito Arquivo pessoal
Luan Solér Francischinelli, graduando em Agronomia – UNESP de Botucatu – Crédito Arquivo pessoal
O que fazer
Acredita-se que para o sucesso desta técnica o produtor deve escolher variedades de sementes com hábito de crescimento indeterminado, para que seja possível um maior engalhamento da planta depois de adulta, e faça com que cada indivíduo compense a grande distância entre um agrupamento e outro na linha de semeadura.
Isso também resultaria numa maior área foliar, mais capacidade fotossintética, elevada conversão de luz por energia, e por fim, maior produtividade.
Um ponto negativo desta técnica está relacionado à operação de aplicação de defensivos durante o ciclo da cultura. A tendência é que as plantas apresentem engalhamento muito bem desenvolvido, causado pelo distanciamento entre os agrupamentos e pela competição. Isso poderá causar sérias dificuldades para pulverizar produtos fitossanitários de contato na parte baixa das plantas.
Seguindo o mesmo raciocínio, deve-se admitir que o controle de daninhas poderia ser mais facilitado pelo maior sombreamento do solo nos estádios mais desenvolvidos da lavoura.

A nova técnica planta quatro sementes por cova - Crédito Miriam Lins
A nova técnica planta quatro sementes por cova – Crédito Miriam Lins
FONTE: REVISTA CAMPOS E NEGÓCIOS
Diego Weslly Ferreira do Nascimento Santos
Doutorando em Engenharia Agrícola/Universidade Federal de Viçosa
Haroldo Carlos Fernandes
Professor titular do Departamento de Engenharia Agrícola/Universidade Federal de Viçosa

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Depredação do patrimônio público escolar é CRIME e pode causar pena de detenção por até 6 meses

O que é Patrimônio Público segundo a Lei Nº 4.717/65? É o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta e indireta. Segundo a definição da lei, o que caracteriza o patrimônio público é o fato de pertencer ele a um ente público – a União, um Estado, um Município, uma autarquia ou uma empresa pública. O que diz o Código Penal (Lei Nº 2.848/40) sobre Dano ao Patrimônio Público? Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima Pen

5 Apps para uso na área zootécnica

1-$uplementa Certo       Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária lança o $uplementa Certo, primeiro aplicativo para smartphones e tablets, com sistema operacional Android, desenvolvido com o objetivo de ajudar na escolha de produtos e estratégias pertinentes a nutrição de bovinos de corte. https://play.google.com/store/apps/details?id=br.embrapa.cnpgc.bcss 2-C7 Gado Corte - Manejo I O aplicativo C7 Gado Corte I é integrante do CR Campeiro 7 e tem por objetivo o registro de operações de manejo do rebanho bovino de corte em uma propriedade rural.  https://play.google.com/store/apps/details?id=com.campeiro.c7gadoi 3-Sistema Rebanho/Gado Leiteiro Aplicativo destinado a criadores de gado leiteiro e consultores da área, sejam veterinários, zootecnistas, pesadores de leite, e afins. O Rebanho Leiteiro é um aplicativo portátil completo para gerenciar o rebanho leiteiro do criador. Possui a ficha do animal, com

5 Melhores Apps para uso na área Florestal

1- C7 Relação H/D  O Aplicativo C7 Relação H/D – Relação Hipsométrica - opera com os dados de altura e diametro obtidos e registrados no aplicativo de levantamentos de dados I, e procede o ajuste a modelos de regressão  com cálculos de coeficientes da regressão e outros como coeficiente de determinação (R2), erro padrão da estimativa (Sxy).  Estão pré-definidos 12 modelos que comumente são utilizados em tais levantamentos.       A partir da seleção de um modelo ajustado e com a inserção de dados de DAP, o programa calcula a estimativa de alturas de árvores localizadas na área amostral onde foi estabelecida a relação hipsométrica. https://play.google.com/store/apps/details?id=crcampeiro.florestal&feature=search_result 2- Aplicativo C7 LDFP O Aplicativo C7 LDFP - Levantamentos de Dados I – Florestas Plantadas  possibilita: a) Cadastro de Espécies Florestais Exóticas(Plantadas) b) Cadastro de Projetos de Levantamentos Florestais aplicados a