EFEITO DO CULTIVO MÍNIMO SOBRE A FERTILIDADE DO SOLO E CICLAGEM DE NUTRIENTES EM SISTEMAS FLORESTAIS
Freqüentemente se questiona, nos mais variados meios acadêmicos e técnicos, sobre a sustentabilidade da produção de florestas plantadas, a curto e longo prazo, tendo em vista que a grande maioria dos povoamentos florestais foram estabelecidos sobre solos de baixa fertilidade, os quais apresentam pequenas reservas de nutrientes.
Além disso, para elevar os índices de produtividade, os sistemas silviculturais usados no Brasil são muito intensivos, contemplando, inclusive, o plantio de espécies florestais de rápido crescimento, com ampla capacidade de extração e exportação de nutrientes. Diante deste quadro, novas alternativas de cultivo de solo têm surgido, com intuito de poupar e racionalizar os recursos edáficos, como, por exemplo, o sistema de cultivo
mínimo do solo, que se baseia num preparo de solo restrito às linhas ou covas de plantio, mantendo os resíduos culturais sobre o terreno. No presente texto, argumenta-se, com vários resultados de pesquisa, que esse sistema exerce pronunciados efeitos sobre a conservação e fertilidade dos solos e, conseqüentemente, sobre o estoque de
nutrientes do ecossistema. Foram apresentados dados mostrando que, em plantações de eucaliptos, os nutrientes contidos nos resíduos culturais, pós-exploração, podem constituir até 80% das quantidades de nutrientes existentes na biomassa vegetal aérea, e que a queima desses resíduos pode resultar em perdas da ordem de 350 kg de N, 10 kg de P, 80 kg de K e 130 kg de Ca por hectare. A grandeza desses valores constitui um forte indicativo de que, por intermédio do cultivo mínimo do solo, pode-se conseguir uma considerável economia de nutrientes para o sistema, com amplos reflexos sobre a sustentabilidade da produção a longo prazo. Discutindo-se sobre as razões do menor e mais heterogêneo crescimento de árvores plantadas no sistema de cultivo mínimo, relativamente àqueles observados no sistema de cultivo intensivo do solo, foi apontado, como uma das explicações mais plausíveis, a maior intensidade de atividade dos organismos do solo no primeiro sistema, os quais competem por nutrientes com as árvores, reduzindo seus crescimentos. Com o passar dos meses, esse quadro tende a se reverter. O substrato (resíduo) que ativa a vida dos organismos do solo vai se escasseando, reduzindo, conjuntamente, também a massa de organismos do solo, que liberam, por intermédio da autólise de suas células, nutrientes para as árvores. Geralmente, entre 12 e 24 meses pós-plantio, dependendo da qualidade do sítio, o vigor e homogeneidade de crescimento das árvores se restabelece, atingindo níveis equivalentes àqueles observados no sistema de cultivo intensivo do solo.
http://www.ipef.br/publicacoes/seminario_cultivo_minimo/cap05.pdf
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