Priscylla Pfleger, Paulo Cezar Cassol, Márcia Aparecida Simonete, Camila Adaime Gabriel, Letícia Moro
Universidade do Estado de Santa Catarina, Doutoranda em Ciência do Solo, Lages - SC,
cyllapfleger@hotmail.com.
Palavras-chave: atributos químicos do solo; acidez do solo; Cambissolo.
O Brasil possui uma vasta área composta por florestas naturais e reflorestamentos. Milhões de
hectares são de reflorestamentos com o gênero Eucalyptus. Várias espécies são utilizadas para produção
com diversas finalidades. A produção brasileira tem se destacado a nível mundial, principalmente pelo
alto rendimento e competitividade de custos de produção (GUIMARÃES et al., 2015).
No Sul do Brasil, estes plantios se dão em solos ácidos onde o pH está abaixo de 5,5, com baixa
capacidade de troca de cátions e baixa saturação por bases, o que compromete o desenvolvimento
das culturas pela pouca disponibilidade nutricional e presença do Al3+.
Apesar do eucalipto resistir a tais condições restritivas, o que favoreceu para que grande parte
dos plantios dessa espécie fosse realizada sem calagem (GUIMARÃES et al., 2015), pouco se sabe
sobre seu comportamento após aplicação de produtos de correção e complemento nutricional, e
alterações que pode promover no solo sob estas condições. Poucos estudos buscam aprimorar a
recomendação atual de adubação e calagem para esses cultivos na região, mesmo com a expansão da
eucaliptocultura na região Sul (GUIMARÃES et al., 2015).
Com isto, o presente trabalho objetivou avaliar atributos químicos do solo (a capacidade de
troca de cátions e saturação por bases) sob cultivo de eucalipto em diferentes doses de calcário e
gesso agrícola.
O experimento foi implantado em casa de vegetação no Centro de Ciências Agroveterinárias
(CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) localizado na cidade de Lages no Planalto
Serrano e foi conduzido por um período de 3 meses. O solo utilizado foi CAMBISSOLO HÚMICO
Alumínico. O mesmo foi destorroado, seco em temperatura ambiente e peneirado em malha de 2 mm.
Foram estipuladas quatro doses de calcário (0; 3; 6 e 12 t ha-1) e quatro de gesso agrícola (0; 6,3;
12,6 e 25,2 t ha-1) a serem estudados, de acordo com recomendação para elevação do pH a 5,5. As
espécies clonais de eucalipto avaliadas são Eucalyptus benthamii e Eucalyptus dunnii.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos inteiramente casualizados. O calcário e
gesso foram incorporados no solo em esquema fatorial completo num total de 16 tratamentos em
três blocos.
Adubações químicas com solução NPK e micronutrientes (Cu, Zn e Bo) foram realizadas
a fim de isolar efeito de deficiência por estes nutrientes.
Foram realizadas medições de altura e diâmetro de cada planta imediatamente após o plantio
das mudas nos vasos e posteriormente a cada duas semanas. Após o período do experimento foram
realizadas coletas de todas as folhas, caules e raízes, e amostras de solo de cada vaso, para análises onde
determinou-se a CTC a pH 7 e a saturação de bases através de método descrito por Tedesco et al. (1995).
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) com auxílio do software Statistical
Analysis System – SAS 9.2. As médias foram comparadas por meio do teste de Tukey a 5 % de
significância. Os resultados de CTC a pH 7 e saturação de bases foram submetidos à análise de variância e
foram significativos ao nível de 5 % de significância. A capacidade de troca de cátions e saturação de
bases responderam positivamente com o aumento da dose aplicada de cada produto.
A CTC a pH 7 apresentou aumento com valores de 23,05, 23,17, 23,69 e 24,33 cmolc
dm-3 nas
doses 0, 3, 6 e 12 t ha-1 de calcário, respectivamente, e valores de 15,91, 20,88, 25,11 e 32,35 cmolc
dm-3 nas doses 0, 6,3, 12,6 e 25,2 t ha-1 de gesso agrícola, respectivamente. Já a saturação de bases
elevou-se de 32,2 % na dose 0 t ha-1 de calcário para 47,2 %, 60,2 % e 77,7 % com as doses 3, 6 e 12
t ha-1, respectivamente. Dentro do fator gesso agrícola os valores foram crescentes desde 35,6 % na
dose 0 t ha-1 de gesso para 52,2 %, 60 % e 69,4 % nas doses 6,3, 12,6 e 25,2 t ha-1.
Medeiros et al. (2013) em experimento com doses de resíduo alcalino e calcário encontraram
resultados positivos de CTC efetiva e saturação de bases com o aumento das doses aplicadas. Abreu Jr.
et al. (2001) compararam tratamentos envolvendo presença e ausência de calagem e adubo mineral
com presença de composto de lixo urbano em diferentes tipos de solo e encontraram resultados que
corroboram com o presente trabalho em relação a aplicação de calcário.
Após aplicação de calcário e gesso agrícola, Zandoná et al. (2015) observaram aumento da CTC na
camada superficial de um LATOSSOLO VERMELHO. O aumento da CTC é importante para a fertilidade
do solo, pois permite reter maior quantidade de cátions como Ca2+, Mg2+ e K+
nos colóides, importantes
para o desenvolvimento das plantas. Acima de pH 6,0 do solo, a concentração de íons HCO3- atinge
teores significativos que podem arrastar consigo cátions para as camadas mais profundas no perfil do
solo. Quando lixiviados, os íons HCO3- entram em novo equilíbrio devido a redução do pH, que ocorre
normalmente com o aumento da profundidade. Assim estes íons consomem H+
gerando cargas na
CTC do solo podendo o cátion acompanhante permanecer adsorvido (MARTINS et al., 2002). E para
Guimarães et al. (2015), a saturação de bases foi um de três dos atributos químicos do solo que mais
limitou o crescimento das plantas no experimento, onde o nível crítico médio estimado de saturação
por bases para promover 80 % de rendimento relativo das plantas foi de 8 %.
A calagem e gessagem aumentaram a CTC a pH 7 e saturação por bases com o aumento da dose
aplicada em solo sob plantio de eucalipto.
As doses de 6 t ha-1 de calcário e 12,6 t ha-1 de gesso agrícola, correspondentes a 50 % do
recomendado, elevaram a saturação de bases próximo ao ideal para a cultura (65 %), e as doses
cheias (100 %) superaram os 65 % esperados.
Fonte XX REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA
Fonte XX REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA