1. A única função do Calcário é corrigir a acidez do solo. Mito!
Corrigir a acidez do solo é uma das principais funções do calcário, mas não a única! Tão importante quanto aumentar o pH é o fato de fornecer cálcio e magnésio, dois macronutrientes fundamentais para a estruturação física do solo, para a promoção da atividade microbiana, para o desenvolvimento das plantas e para a eficiência das adubações. Sem contar que essa é a forma mais barata de fornecer esses nutrientes às plantas.
2. PRNT maior é melhor e reage mais rápido. Mito!
O PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) é um indicador que define o quanto do calcário reage em três meses quando incorporado ao solo e sob disponibilidade hídrica adequada. Assim, se o PRNT for de 80%, pode-se inferir que, de maneira geral, 80% do calcário reagirão no solo em até três meses e os outros 20% reagirão posteriormente. Portanto, quanto maior o PRNT, maior o efeito no curto prazo e menor o efeito residual. Para culturas anuais isso pode parecer interessante, mas para culturas perenes nem tanto. Então, optar por PRNT maior ou menor é uma questão de estratégia. Como os cálculos de recomendação de calagem levam em consideração esse índice, todos os calcários são capazes de corrigir o solo em até três meses, o que muda é a quantidade necessária. Portanto, PRNT não é indicador de qualidade e sim de reatividade!
3. O Gesso substitui o Calcário. Mito!
O gesso não é corretivo de acidez do solo, pois é composto por sulfato de cálcio, que não tem Poder de Neutralização (PN). O principal papel do gesso é complexar o alumínio tóxico, principalmente aquele localizado em profundidades que o calcário tem dificuldade de atingir, por ser de baixa solubilidade. O gesso pode, ainda, servir como fonte de cálcio e enxofre.
4. Calcário é tudo igual, compre o mais barato. Mito!
Existem diversos tipos de calcário. Dependendo da localização da jazida, eles podem conter diferentes teores e proporções de cálcio e magnésio, podem ser de origem sedimentar ou metamórfica, ou ainda de origem marinha, como é o caso do calcário de concha. Além da origem e composição química, os calcários podem, após a moagem e beneficiamento da rocha, apresentar-se com diversas composições granulométricas. Todos esses fatores têm grande influência sobre a reação do calcário no solo. Assim, a escolha do calcário jamais deve ser feita apenas pelo preço ou valor do frete, mas sim pela necessidade dos solos e das culturas em relação a cálcio, magnésio, pH, reatividade e efeito residual.
5. Como faço Plantio Direto, posso aplicar o Calcário superficialmente mesmo, baseado na análise do 00-20 cm ou do 00-10 cm, que ele desce. Mito!
O calcário é um corretivo de baixa solubilidade. Portanto, a velocidade de reação depende de seu contato com as partículas do solo. Aplicá-lo em superfície, sem incorporá-lo, reduz ainda mais sua reatividade e dificulta a correção do perfil. Não que seu efeito não atinja camadas abaixo de 10 cm, mas isso acontece de forma demorada e em pequena escala, ou seja, até neutraliza um pouco da acidez e aporta um pouco de cálcio e magnésio, mas, na grande maioria das vezes, não chega a corrigir de fato o perfil. Com isso, em áreas de Plantio Direto, é comum que a fertilidade da camada de 10-20 cm seja bastante inferior a de 00-10 cm e esteja bastante aquém da ideal. Portanto, é fundamental que se monitore a fertilidade do perfil de forma estratificada e anualmente. Só assim é que se consegue planejar e executar a calagem mais corretamente, para que, com um manejo adequado, ela surta os efeitos desejados e as plantas respondam com desempenho.Fonte:Laborsolo