Nas últimas décadas, houve escassez na
oferta de alimentos de origem aquática,
principalmente nos países em desenvolvimento.
Como consequência, a produção
mundial de camarões apresentou crescimento
considerável. Entretanto, surgiram
problemas prejudiciais à atividade referentes
à poluição das águas (pela emissão
de efluentes sem tratamento), à crescente
demanda por farinha e óleo de peixe (ambos
utilizados na formulação de rações) e,
ainda, à disseminação de doenças, como
Síndrome de Taura, Mancha Branca, entre
outras (Wasielesky et al., 2006).
Nesse contexto, diversos centros de
pesquisas iniciaram estudos para o desenvolvimento
de tecnologias sustentá-
veis, com objetivos de reduzir a emissão
de efluentes e, ao mesmo tempo, atingir
altos índices de produtividade (acima de
5.000 kg/ha/ciclo). As novas tecnologias
baseiam-se na produção de camarões
em sistemas fechados, ou seja, na cria-
ção desses crustáceos em sistemas de
bioflocos (Sistema BFT), cujos cultivos
são realizados praticamente sem renovação
de água e com aproveitamento dos
micro-organismos como alimento natural,
reduzindo o uso de rações. Assim, além
de melhorar os índices de produtividade,
o sistema BFT apresenta maior biossegurança,
pois diminui intercâmbios de água
e doenças (Avnimelech, 2009; Krummenauer
et al., 2011).
Demanda faz crescer interesse por
criação de camarões em estufas
Dariano Krummenauer, Gabriele Rodrigues de Lara e Wilson Wasielesky Júnior*
Criar camarões em raceways cobertos
(estufas) tem despertado o interesse de
pesquisadores e produtores em alguns
países, oportunizando a criação de camarões
peneídeos em regiões com clima
subtropical e temperado .
Nos
Estados Unidos da América (Carolina
do Sul, Virgínia, Maryland, Texas, Havaí,
entre outros estados), pesquisas estão
sendo realizadas para a produção em
estruturas fechadas. Na Coreia do Sul, na
Indonésia, na Bélgica e na Holanda, o sistema
BFT também já está sendo utilizado
para a engorda de camarões.
Um aspecto importante desse sistema
de cultivo é a utilização de menor quantidade
de água, quando comparado com os sistemas convencionais. Isso representa
uma diminuição na emissão de efluentes,
podendo-se produzir até 1 kg de camarões
utilizando menos que 100 litros de água;
enquanto nos sistemas convencionais
são utilizados mais de 50 mil litros para
obter a mesma produção (Samocha et al.,
2010).
O sistema BFT apresenta vantagens
e desvantagens quando comparado com
os sistemas tradicionais de cultivo em viveiros . Inicialmente, observam-
-se custos maiores, mas compensados
por produtividades muito maiores que
as obtidas nos sistemas convencionais.
Pelo fato de o sistema BFT utilizar
densidade de estocagem elevada, possibilita
produtividade de até 10 kg/m³,
o que equivale a uma produção 10 vezes
maior que em sistemas tradicionais. Por
exemplo, Samocha et al. (2010), utilizando
densidades de estocagem de 450 camarões/m3
, obtiveram biomassa final de
9,75 kg/m3
/safra com peso médio de 22,4
gramas e 95% de sobrevivência na fase de
engorda. Em outro centro de pesquisa,
Otoshi et al., (2009) reportaram produção
de 10,3 kg/m2
(103 ton/ha) com camarões
estocados com densidade inicial de 828
camarões/m2
e densidade final de 562
camarões/m2
em sistema BFT em estufas.
Esses resultados foram obtidos utilizando
recursos tecnológicos – como oxigênio
injetável, filtros biológicos, filtros mecâ-
nicos, fracionadores, sedimentadores,
sistemas automatizados – e, em alguns
casos, com monitoramento eletrônico de
qualidade da água. A utilização de rações
específicas para camarões em sistema
superintensivos (BFT) provavelmente
contribuiu para tais resultados
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