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Pesquisa utiliza sensores eletrônicos em percevejos para monitoramento de lavoura

Foto: Jovenil da Silva
Jovenil da Silva - Percevejo verde pequeno
Percevejo verde pequeno
Sensores microscópicos ligados a percevejos e seus alimentos estão auxiliando pesquisadores da Embrapa Trigo (RS) a descobrir os hábitos do inseto, uma das mais importantes pragas de lavouras como a do milho, trigo e soja. A tecnologia de última geração ajuda a observar as preferências e comportamentos alimentares e os danos que os insetos sugadores causam dentro das plantas.

O equipamento chamado de EPG, sigla em inglês para gráfico de penetração elétrica, consiste em sensores ligados aos insetos e aos alimentos, que captam o processo e registram as informações no computador. Um fio de ouro é fixado ao inseto com cola de prata transferindo informações em forma de ondas que são interpretadas com a ajuda de um software.

Quando o inseto penetra na planta, é gerado um circuito elétrico simples, no qual uma corrente de baixa intensidade circula pelo sistema. A energia passa pela planta hospedeira, pelo inseto e retorna ao monitor em forma de sinais que registram ondas em um gráfico.  Assim, é possível ver como os insetos estão se alimentando, o local da planta onde se encontram, o quanto de alimento é extraído, os horários desses hábitos e o tipo de dano causado no vegetal.

Visualmente, o resultado é semelhante a um eletrocardiograma, com linhas representando a variação elétrica captada. Um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores foi desenvolver um meio de fixar o sensor ao percevejo, uma vez que o corpo do inseto apresenta pouca aderência e está sempre em movimento.

"Tivemos que testar inúmeras formas de fazer a chamada ‘aramização' dos percevejos para conectá-los ao equipamento de EPG. O resultado foi alcançado utilizando-se materiais nobres como fio de ouro, que além de flexível permite a transmissão da corrente, e a cola de prata, que mantém o filamento preso ao inseto. Em adição inovamos por retirar a gordura no local da conexão do fio de ouro usando uma lixa odontológica", conta o pesquisador da Embrapa Antônio Ricardo Panizzi, responsável pelo trabalho.

Veja como funciona o EPG durante o processo alimentar do percevejo no vídeo produzido pelo pesquisador Tiago Lucini:
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Percevejos

Várias espécies de percevejos ocorrem nas culturas do trigo, soja e milho sendo considerados insetos-praga que provocam impactos de elevada importância econômica. Na Embrapa Trigo, dois percevejos-praga da soja já tiveram seu comportamento alimentar determinado pela técnica do EPG: o percevejo asa-preta (Edessa meditabunda) e o percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Por meio do EPG foi possível registrar os locais específicos de alimentação nas diferentes estruturas das plantas. Esse tipo de resultado poderá ajudar nas estratégias de controle das pragas. Por meio de técnicas de biotecnologia, por exemplo, pode-se buscar a expressão de genes que controlam a produção de toxinas nos locais da planta onde ocorre a alimentação dos percevejos.

De acordo com o doutorando em Entomologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Tiago Lucini, os estudos na Embrapa Trigo deverão servir de apoio ao melhoramento de plantas, selecionando linhagens mais resistentes às pragas. Lucini participa do projeto "Estudo do comportamento alimentar de percevejos pentatomídeos em trigo, soja e milho através da técnica do monitoramento eletrônico pelo uso do EPG".

Perspectivas

Alguns trabalhos de pesquisa estão avaliando os efeitos da toxina produzida pela soja transgênica Bt sobre a atividade alimentar dos insetos sugadores (percevejos e pulgões), já que se sabe apenas que o gene Bt confere resistência aos insetos mastigadores, como as lagartas.

Além disso, o EPG tem sido aplicado no estudo do comportamento de novas moléculas inseticidas na avaliação da eficácia no controle das pragas. A técnica ainda pode ser utilizada no estudo dos mecanismos de transmissão de viroses pelos insetos ou na identificação de potenciais plantas hospedeiras para novas espécies de pragas introduzidas numa região.

Confira a entrevista que os radialistas Airton Medeiros e Marcelo Ferreira, da Rádio Nacional da Amazônia, fizeram com o pesquisador Antônio Ricardo Panizzi.

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