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Novas moléculas são arma poderosa contra lagartas de grandes culturas

A busca por novas moléculas inseticidas é incessante por parte das empresas de desenvolvimento, demandando milhões de dólares investidos em pesquisas (o custo para se desenvolver uma nova molécula de defensivo químico é da ordem de US$ 256 milhões)

Anderson Gonçalves da Silva
Doutor, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA e coordenador do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas – GEMIP
José Fernando Jurca Grigolli
Doutor, pesquisador de Proteção de Plantas da Fundação MS e membro do GEMIP

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock
Novos modos de ação, alto potencial de controle após a aplicação, atividade residual e baixo risco ao aplicador e ao ambiente sempre são características importantes que norteiam a busca por princípios mais eficientes contra pragas e lagartas.
Algumas moléculas registradas recentemente no MAPA apresentam boa eficiência de controle do complexo de lagartas das culturas de soja, milho e algodão, além de se apresentarem com relativa baixa toxicidade para os seres humanos e para o ambiente, inclusive para inimigos naturais, o que é fundamental para a manutenção do Manejo Integrado de Pragas – MIP, bom resultado de controle em um curto espaço de tempo e efeito residual interessante.
Novas propostas
Dentre as novas moléculas (ingredientes ativos, “i.a.”) com proposta de controlar lagartas nas culturas de soja, milho e algodão, podemos destacar as moléculas principalmente dos grupos químicos das diamidas, hidrazidas, spinosinas, oxadiazinase análogos de pirazal, como o clorantraniliprole, cyantraniliprole, clorfenapyr, indoxacarb, metoxifenozide e espinoteram.
Algumas moléculas estão há bastante tempo no mercado, com resultados consolidados, inclusive, como o clorfenapyr, indoxacarb e metoxifenozide. Entretanto, outras moléculas foram registradas há pouco tempo, como cyantraniliprolee espinoteram.
Estas moléculas apresentam alta eficiência de controle do complexo de lagartas da soja, milho e algodão. A diferença básica consiste no período residual e no efeito de choque de cada ingrediente ativo, em função de suas características químicas.
Por exemplo, as moléculas cyantranyliprole e clorantraniliprole apresentam efeito de choque médio e residual muito bom, enquanto indoxacarb, clorfenapyre espinoteram apresentam alta eficiência de choque e alto poder residual. Entretanto, vale ressaltar que a eficiência das moléculas depende do alvo estudado (lagarta), do estádio de desenvolvimento e da dosagem utilizada.
Destaca-se que resultados promissores foram observados nas culturas de soja, milho e algodão nocentro-oeste, enquanto no Pará e região bons resultados foram observados para as culturas de soja e milho, inclusive com bastante segurança para os produtores rurais.
 Ataque severo de lagartas Helicoverpazea à lavoura de soja - Crédito Baltazar Fiomari
Ataque severo de lagartas Helicoverpazea à lavoura de soja – Crédito Baltazar Fiomari
Residual
A atividade residual das moléculas varia em função do momento de aplicação, das condições climáticas, das características químicas da molécula e do alvo estudado, mas em condições experimentais foi possível observar efeito de até 35 dias para moléculas como clorantraniliproleutilizado no tratamento de sementes e de até 14 dias para moléculas como indoxacarbaplicado via foliar, ambos os resultados para a espécie Chrysodeixisincludens(falsamedideira) na cultura da soja.
Com relação a lagartas que estão sendo controladas por essas novas moléculas, destaca-se o complexo de lagartas do gênero Spodoptera (Noctuidae), como as espécies Spodoptera frugiperda, Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides, além das lagartas Helicoverpaarmigera, Anticarsiagemmatalis e C.includens, que têm sido controladas nas culturas de soja, milho e algodão.
Quanto aos resultados obtidos na última safra agrícola (2015/16), ficou evidenciada a eficiência de controle destas moléculas, dando novos horizontes para o posicionamento adequado destes inseticidas no controle das pragas agrícolas.
Novamente, foi possível observar que cada situação é uma e que a recomendação deve ser precisa. O conhecimento da população do complexo de pragas na área é fundamental para termos a eficiência máxima de controle de cada molécula.
Retirar o máximo de cada molécula é essencial para reduzir os custos de produção e evitar perdas por escapes de controle que possam vir a ocorrer. Destaca-se que as novas moléculas apresentam a vantagem de serem altamente eficientes no controle das espécies de pragas (cada uma para um alvo específico), além de maior segurança no campo, para os operadores e aplicadores e para o ambiente, reduzindo os impactos nos inimigos naturais e na entomofauna benéfica.
As lagartas têm infestado as lavouras da germinação à colheita - Crédito Baltazar Fiomari
As lagartas têm infestado as lavouras da germinação à colheita – Crédito Baltazar Fiomari
Com relação ao investimento necessário para aquisição e aplicação desses novos produtos, destaca-se que depende da molécula, da região do Brasil e da negociação comercial. O mais interessante seria pensar em custo/benefício. Em geral, são moléculas com custo mais alto (até 50% mais caro que moléculas antigas), porém, o controle proporcionado é superior e o risco de perdas de produção em função do ataque destas lagartas reduz significativamente.

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