
Estudos conduzidos por pesquisadores da
Embrapa demonstraram que produtos oriundos do
húmus podem exercer atividades bioestimulantes
responsáveis pelo crescimento vegetal. O
húmus, além de ser um importante fertilizante
orgânico, que fornece nutrientes essenciais para
o desenvolvimento da planta, possui moléculas
semelhantes à auxina, um hormônio vegetal que
contribui para o enraizamento mais vigoroso,
com maior quantidade de pelos absorventes e
raízes laterais. A vantagem de se aumentar a área
superficial das raízes das plantas está relacionada
a uma maior facilidade de absorção de nutrientes
e de água, o que torna as plantas mais tolerantes
à seca.
Húmus
Também conhecido por vermicomposto, o húmus é o produto
que resulta de um processo de compostagem, no qual
minhocas aceleram o processo de degradação da matéria
orgânica. Outro produto desse processo é o chorume (ou
lixiviado), um líquido que, quando diluído em água, pode ser
aproveitado como biofertilizante.
Contudo, produtos de ação bioestimulante
não atuam como fertilizantes propriamente e
funcionam melhor em situações em que o solo dispõe de uma nutrição adequada e balanceada.
“Nessas condições, foi observado um aumento
de produtividade de 5 até 20%, dependendo da
espécie”, quantifica o agrônomo Daniel Zandonadi.
Nas pesquisas realizadas no Laboratório de
Nutrição de Plantas, o húmus foi produzido
por meio da decomposição de restos vegetais,
especialmente hortaliças e frutas, pelas minhocas.
Nesse processo, observou-se uma concentração
desejável de auxina, embora os pesquisadores
não saibam se a presença é devida às sobras de
tecido vegetal ou à ressíntese da substância pelos
microrganismos.
Em todo caso, nesta etapa, foi constatado que
a quantidade do hormônio vegetal presente no
húmus ocasiona um efeito positivo nas plantas.
“Contudo, a utilização desse fertilizante não pode
ser trivial, visto que uma concentração inadequada
pode causar efeitos inibitórios ao invés de ação
estimulante. Assim, recomendações específicas
são necessárias para evitar resultados indesejáveis
para o agricultor, como inibição do crescimento
vegetal e da absorção de nutrientes”, pondera
Zandonadi.
Para definir o mecanismo de ação do bioestimulante
oriundo do vermicomposto e comprovar os efeitos
benéficos para o desenvolvimento das plantas, uma
enzima de nome complicado, chamada ATPase, foi
a chave para a resolução do problema.
A ativação
dessa enzima é indispensável para o enraizamento
das plantas e, por isso, ela foi o ponto de partida
para averiguar a atividade bioestimulante do
húmus líquido.
De acordo com o agrônomo, o grande diferencial
do estudo foi a proposição de um método rápido
e simples de detecção da atividade bioestimulante
do vermicomposto. “O processo de identificação
da auxina é complexo e difícil de ser realizado em larga escala. Por isso, adaptamos um método
para relacionar o aumento da atividade da enzima
ATPase às ações bioestimulantes do hormônio
vegetal auxina presente no húmus”, explica.
A partir de procedimentos bioquímicos
realizados em laboratórios, foi possível confirmar
que os produtos testados ocasionaram a ativação
da enzima ATPase. “A proposta de mecanismos de
ação para bioestimulantes dessa natureza passa
pela ativação dessa enzima que, por sua vez, vai
estimular a absorção de nutrientes e o enraizamento
vigoroso. Em linhas gerais, se a enzima for ativada,
é sinal de que há atividade bioestimulante no
húmus”, recapitula Zandonadi, cujas perspectivas
futuras consistem em compreender mecanismos
de ação de diferentes fertilizantes orgânicos para
propor à comunidade cientifica métodos para
identificar as ações supostamente estimulantes
desses produtos.
Fonte EMBRAPA HORTALIÇAS
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