Eng. Florestal em foco:Florestas plantadas no cerrado podem ser tão lucrativas quanto outras atividades agrícolas
Especialistas
anteveem problemas de abastecimento de madeira nobre a médio e longo
prazo devido à baixa velocidade dos empreendimentos de reflorestamento
para atender a demanda da indústria moveleira. Em contrapartida, o
Projeto Biomas, no Componente Cerrado, apoia dois subprojetos que buscam
resultados para a demanda do mercado madeireiro.
São eles: “Cultivo
de palmeiras guariroba e pupunha, adubadas com e sem déficit hídrico na
região do Cerrado” e “Resposta da cultura do mogno africano consorciado
com palmeiras guariroba, açaí e pupunha, com e sem déficit hídrico na
região do Cerrado”.
Os dois subprojetos
foram implantados na área experimental do Projeto Biomas no Cerrado, na
Fazenda Entre Rios, próxima a Brasília. O principal objetivo dos
estudos é mostrar ao produtor rural que plantar florestas pode ser tão
ou mais lucrativo que a agricultura convencional. Por isso, foram
escolhidas áreas que poderiam estar plantadas com culturas como soja ou
milho, por exemplo.
A proposta é
baseada na ideia de que o produtor busca ter renda durante todo o ano
com o plantio das espécies anuais, sendo que o plantio de espécies
madeireiras, como o mogno africano, só vai trazer resultados (lucro) em
aproximadamente 20 anos. Dessa forma, foi implantado um consórcio de
mogno com a guariroba, palmeira nativa do Cerrado que pode ser colhida
em quatro anos.
“É importante
utilizar cultivos intercalares com produção mais rápida para que o
produtor já possa ter renda durante esse período”, explica José Alves
Jr., professor da Universidade Federal do Goiás (UFG) e líder dos
subprojetos.
No futuro, o
produtor pode vender a madeira de várias formas, sem ter que retirar
todas as árvores ao mesmo tempo. Por exemplo uma sugestão seria, das 400
plantas por há (espaçadas 5 x 5 m), colheita de 200 árvores/ha com 10
anos, 100 árvores com 15 anos e as últimas 100 plantas/ha com 20 anos,
sendo estas últimas com maior diâmetro e altura de planta, ou seja,
maior produtividade e maior valor agregado.
O projeto foi
implantado há cerca de dois anos, e tem sido observado um ótimo
desenvolvimento da Guariroba, enquanto o açaí, uma espécie de palmeira
exótica de ambiente úmido e de origem amazônica, não resistiu e morreu
por falta de água (estresse hídrico). Por outro lado, o palmito pupunha,
também de origem amazônica, apresentava bom desenvolvimento e adaptação
ao Cerrado, mas sofreu um ataque severo de animais silvestres e também
não resistiu.
A pupunha
consorciada com mogno foi então substituída pelo cafeeiro, que apesar de
ter sido bastante afetado pelo ataque de formigas e pela falta de água
no período seco, ainda é alvo de expectativas positivas. “Insistiremos
com esse consórcio fazendo replantios das mudas atacadas agora no
período das chuvas de 2014”, conclui Alves Jr.
Fonte: Painel Florestal
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