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No pico da colheita, Argentina vendeu só 20% da safra


Com o avanço da colheita dos cerca de 12 milhões de hectares de área plantada da safra de soja 2012/2013 (só não está mais adiantada por conta das chuvas nas principais regiões produtoras do país),  a Argentina ainda tem cerca de 80% da produção a ser comercializada. E os produtores estão sem pressa. Historicamente, o país vende mais de 30% da soja antes mesmo de iniciar a colheita. Apesar das adversidades climáticas durante o desenvolvimento das lavouras (seca em algumas áreas e enchentes em outras), o país deve chegar a uma produção próxima aos 50 milhões de toneladas de soja nesta temporada, recuperando-se da safra 2011/2012 que, por conta da seca, rendeu menos de 43 milhões de toneladas.

Este ano, no entanto, com a alta oferta do grão, os preços na Bolsa de Chicago (que orienta a comercialização das commodities no país) estavam em US$ 330 por tonelada, abaixo dos US$ 400 pagos na venda em balcão na época. Assim, apenas 10% da produção, em média, foi vendida antecipadamente nesta temporada. Em algumas regiões, o índice chegou a 5% da expectativa do volume que seria colhido.

“De maneira geral, os produtores estão vendendo o suficiente apenas para cobrir os custos. O restante deve ser comercializado a partir de junho”, afirma o corretor argentino Carlo Paolini. Na região de Conesa, ao sul de Rosário, no departamento de Santa Fé, só aproximadamente 20% da produção que está sendo colhida está vendida.

A cautela dos produtores argentinos tem respaldo: logística favorável, capacidade de armazenamento da produção e agricultor capitalizado há anos. Além disso, os produtores argentinos aguardam o movimento do mercado norte-americano para ter melhor poder de baganha nos preços.
Oscar Montenovo, produtor de Consesa, a 80 km de Rosário, é um dos que estão começando a vender seus primeiros lotes de soja agora, para pagar as contas da produção. Com estruturaprópria para armazenagem, as bolsas cilos comuns no país, ele está colhendo entre 3.000 a 3.500 kg por hectare de soja numa média de suas áreas, que somam 1.400 hectares. Este ano, segundo ele o rendimento do produtor tem sido cerca de US$ 20 menor na venda antecipada dos grãos do que em relação a temporada 2011/2012.

Custos

Em relação aos custos de produção de soja no Brasil, a Argentina tem vantagem no que se refere a uso de fertilizantes. Com solos muito férteis, os produtores gastam muito pouco com insumos. A desvantagem de liquidez para os produtores está na chamada “retenção”, percentual da produção retido pelo governo para os produtos agrícolas não beneficiados destinados à exportação: 35% para a soja, 23% para o milho, e no trigo, 27%.

Mas são o câmbio e preços do arrendamentos de terra – que são especulados em cima dos valores da soja – os principais fatores que impedem os produtores argentinos de investir mais na ampliação de áreas. Entre 60% a 70% dos campos de plantações de grãos no país são arrendados. As áreas menos produtivas custam, em média, entre 1.100 a 1.200 kg de soja anuais por hectare arrendado; e os melhores campos podem chegar a 1.900 kg por ano por hectare, ficando numa média de 1.500 kg. Em comparação ao oeste da Bahia, por exemplo, onde as áreas já são mais consolidadas, o custo do arrendamento de terra, incluindo estrutura de porteira, custa metade desse valor por ano.


“Há cinco anos, o incremento dos custos (no arrendamento) foi muito alto por conta das especulações do preço da soja. Eles não avaliam riscos e outros fatores para calcular o aumento do preço da terra”, explica o produtor Alessandro Calderón, do município de Pergamino, no departamento de Buenos Aires, considerado uma das áreas com melhores condições de produção de grãos do país.


Nesta safra, Calderón cultivou 1,2 mil hectares, dos quais apenas 300 hectares são próprios. Ainda com soja a ser colhida, o produtor estima que terá uma produtividade de quase 4.000 kg por hectare neste ano, safra que ele considera “de boa a ótima”.
“A média histórica é de 3.200 kg por hectare, mas uma ótima safra, como tivemoa há alguns anos, é de 5.000 a 5.500 kg por hectare”.

Segundo ele, a relação entre produtividade e margem de lucro do produtor é cada vez mais sensível. Pelos cálculos de Calderón, com o custo de produção da soja próximo  aos US$ 500 por hectare, além de outros US$ 500 de arrendamento, é preciso alcançar uma produtividade de 4.000 kg por hectare, para se ter uma margem de lucro de US$ 264. Se a produtividade cair para 3.500, a margem do produtor já reduz para US$ 35, e abaixo de 3.000 kg por hectare, pode-se considerar prejuízo. No caso do milho, (US$ 1 mil de custo de produção + US$ 550 de arrendamento), a produtividade precisa ser acima dos 8.000 kg por hectare.



“Não sentimos muita variação no clima na região ao longo dos anos. Mas hoje, com as sutilezas entre os rendimentos e custos, qualquer variação climáticas tem um impacto importante na produção”, destaca Calderón.

Lado a Lado, os dois maiores exportadores de soja da América do Sul, e entre os maiores do mundo, enfrentam desafios diferentes para aumentar sua competitividade interna: enquanto no Brasil é o atraso da precariedade logística que congela a possibilidade de maior liquidez para o produtor, na Argentina é o câmbio desfavorável que barra o mesmo progresso.






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