Fernando Mendes Lamas
Pesquisador da Embrapa
Agropecuária Oeste
fernando.lamas@embrapa.br
Independentemente
do tamanho da lavoura, o maior desafio da agricultura na atualidade é a obtenção
da lucratividade, capaz de remunerar os custos, assegurar novos investimentos e
garantir adequada qualidade de vida ao agricultor.
A cada ano,
novas tecnologias estão sendo incorporadas aos sistemas produtivos, o que tem
assegurado contínuo aumento de produtividade. De março de 1990 até hoje, a área
plantada com grãos cresceu 61%, enquanto a produção aumentou 310%, um aumento espetacular
da produtividade. Num passado não muito distante, o solo não era cultivado, após
a colheita da soja, sendo deteriorado sob o ponto de vista físico em virtude da
intensa mobilização com a utilização de “grades”. Hoje, após a colheita da
soja, na região centro-oeste do Brasil, se cultiva milho, algodão, forrageiras
e plantas de cobertura - é a intensificação da agricultura. Está havendo também,
na região do Brasil Central, a expansão da agricultura irrigada e a introdução
do cultivo de espécies vegetais antes restrita a outras regiões do Brasil ou
Mundo. Este novo modelo de exploração do solo, além de aumentar a produção,
contribui significativamente para o aumento da produtividade.
Além da
intensificação da agricultura, é possível constatar também um crescente aumento
de modelos de produção integrados. Os exemplos mais evidentes são a integração
lavoura-pecuária (ILP) e integração pecuária-floresta (IPF). Assim, as unidades
de produção passam a ter múltiplas atividades, a maioria desenvolvendo-se de
forma integrada. Hoje, já temos em Mato Grosso do Sul, por exemplo,
propriedades que além da agricultura, trabalham com avicultura de corte, pecuária
de leite e pecuária de corte.
A utilização de
Boas Práticas Agrícolas (BPA) também é uma estratégia necessária para a
superação dos desafios da moderna agricultura. Atividades como: sistema plantio
direto, controle biológico para o controle de pragas, doenças e nematoides,
entre outros são fundamentais para a sustentabilidade da atividade. Com uma
adequada cobertura do solo com palha, o manejo de plantas daninhas de difícil
controle, como a buva e o capim amargoso, é facilitado. A utilização de Crotalaria spectabilis é exemplo de uma
espécie que também auxilia no manejo de nematoides. Plantas daninhas e
nematoides são dois responsáveis por quedas de produtividade e aumento do custo
de produção de soja e algodão, por exemplo. Com o cultivo de espécies de
plantas de cobertura e adubos verdes, feito de forma planejada, o produtor
conquista a melhoria da fertilidade do solo (física, química e biológica), o
que permite muitas vezes, reduzir a quantidade de fertilizantes químicos
aplicados ao solo, contribuindo para a redução do custo de produção.
Existe ao redor
do mundo, uma forte demanda por alimentos, fibras e energia. Esta demanda é
crescente e contínua diante do aumento da população e da melhoria das condições
socioeconômicas, verificadas em várias partes do mundo, de forma especial em
países com grande população, como a China e a Índia. O algodão que foi semeado em fevereiro de 2018, na sua maioria já foi
comercializado, o mesmo acontece com a soja, com o milho, com o girassol, etc. Apesar
da venda antecipada, a margem de lucro está decrescendo, o que não assegura a
sustentabilidade do negócio.
Assim, nos
parece como mais viável, a redução dos custos de produção. Para a maioria das
espécies cultivadas no Brasil, o custo de produção está exageradamente alto,
ameaçando todo o sistema de produção. Como o alto custo de produção é devido ao
elevado uso de insumos, faz-se necessário trabalhar um pouco mais com processos
e menos com produtos (insumos).
Soluções tecnológicas
simples contribuem com a redução do custo de produção. Somente com a adoção de
tecnologias será possível reduzir os custos de produção e superar esse grande
desafio da agricultura brasileira.
A integração e
intensificação de atividades, o uso de métodos integrados de controle de
pragas, doenças, plantas daninhas e nematoides é cada vez mais necessário e
imperioso.
Em síntese,
incorporar aos diferentes modelos de produção existentes no Brasil, os
conhecimentos disponíveis, proporcionará um salto significativo para a
agricultura brasileira, que ofertará mais alimentos, energia e fibra para a
população brasileira e mundial, além de assegurar melhor nível de renda àqueles
que se dedicam à atividade agropecuária.
Esta nova
realidade exige que o produtor busque continuamente o seu aprimoramento, o que
se consegue junto às instituições de pesquisa, a rede de assistência técnica pública
e privada, associações de produtores e cooperativas. Além é claro, da imensa
rede de comunicação hoje à disposição do produtor rural.
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