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RESPOSTA DE MUDAS FLORESTAIS NATIVAS A DOSES CRESCENTES DE FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA

Resultado de imagem para mudas florestaisGerhard Valkinir Cabreira, Paulo Sérgio dos Santos Leles, Jorge Makhlouta Alonso, Gabriel Rocha dos Santos, Thales de Costa Lima 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Mestrando, Seropédica - RJ, gerhard_vc@hotmail.com.


 Palavras-chave: adubação; biossólido; substrato. 

     O sucesso na formação de povoamentos florestais depende, dentre outros fatores, da utilização de mudas de qualidade, as quais, segundo Carneiro (1995) terão maior capacidade de resistirem às condições adversas encontradas no campo, proporcionando um maior potencial de sobrevivência e crescimento após o plantio, reduzindo a necessidade de replantio e gastos com a manutenção do povoamento. 
    Dos principais fatores que influenciam na qualidade de mudas florestais tem-se o substrato e a adubação, ambos estreitamente relacionados, sendo que, a forma e a intensidade de adubação vai variar segundo a disponibilidade de nutrientes no substrato (propriedades químicas) e sua capacidade de armazená-los (propriedades físicas). 
Um material com potencial de uso como substrato para produção das mudas florestais é o lodo de esgoto estabilizado (biossólido), resíduo sólido oriundo das estações de tratamento de esgoto (ETE), rico em matéria orgânica e nutrientes, que pode suprir, pelo menos em parte, a necessidade das mudas por fertilização química. Em estudos realizados com o biossólido, principalmente quando utilizado tubetes de menor volume, devido à restrição de espaço e lixiviação de nutrientes, as mudas tem apresentado sintomas visuais de deficiência (LIMA FILHO, 2015). Uma possibilidade para se evitar esse problema é a utilização de fertilizante de liberação lenta de nutrientes junto ao substrato, diminuindo as perdas por lixiviação. Porém, sua principal desvantagem é o maior custo quando comparado com outros adubos, sendo importante a aplicação da dose adequada. 
    O trabalho teve como objetivo verificar a resposta de mudas de quatro espécies florestais da Mata Atlântica a doses crescentes de fertilizante de liberação lenta tendo o biossólido como substrato. O experimento foi conduzido no período de junho a dezembro de 2015 no Viveiro Florestal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica - RJ. Foram produzidas mudas de Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth (jacarandá-da-bahia), Inga laurina (Sw.) Willd (ingá), Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira) e Schizolubium parahyba (Vell.) S.F. Blake (guapuruvu). Cada espécie constitui-se um experimento. Foram utilizados como recipientes tubetes com capacidade volumétrica de 280 cm3 . O substrato foi composto de 100 % de biossólido, disponibilizado pela Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (CEDAE), sendo proveniente da ETE Ilha do Governador, localizada na cidade do Rio de Janeiro - RJ. Os tratamentos consistiram em diferentes doses de Osmocote Plus® (15-09-12), sendo elas 0, 3, 6 e 12 kg m-3 de substrato. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, formado por quatro tratamentos com cinco repetições de seis mudas. Até a expedição das mudas para campo foram realizadas quatro medições de altura da parte aérea, em intervalos de 21 dias para o guapuruvu e 28 dias para as outras três espécies. Na última delas, foi medido também o diâmetro do coleto das mudas. 
    Na época de expedição, para cada espécie e em cada tratamento, foram selecionadas as cinco mudas mais próximas da média para avaliação de área foliar. Dessas mudas também foram obtidos os pesos de matéria seca da parte aérea e do sistema radicular, após separação dos mesmos e secagem em estufa. Com o propósito de avaliar a sobrevivência inicial no campo, foram selecionadas 20 mudas de cada tratamento para o plantio, o qual foi realizado em área de reflorestamento localizada na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, em São Francisco do Itabapoana - RJ. Na avaliação em campo foram consideradas a sobrevivência aos 5 meses após o plantio, com a contagem das mudas sobreviventes em relação as covas vazias (mudas mortas). 
Para todos os parâmetros morfológicos avaliados (altura, diâmetro, área foliar, massa seca de parte aérea e raízes), os resultados mostraram que a aplicação de doses crescentes do adubo de liberação lenta promoveu crescimento nas quatro espécies estudadas. Observa-se que de maneira geral, as mudas das quatro espécies obtiveram um maior crescimento conforme o aumento das dosagens de adubo de liberação lenta, porém as médias dos parâmetros avaliados se aproximaram nos tratamentos com adição de adubo de liberação lenta. 
   A resposta variou conforme a espécie. De modo geral o tratamento com doses de 3 kg m-3 apresentou melhores resultados para aroeira e jacarandá-da-bahia, enquanto que para o guapuruvu e o ingá prevaleceu o tratamento com dosagem de 6 kg m-3 de osmocote Plus® (15-09-12), quando obtido o modelo para cada espécie em função da época. Quando observados separadamente os parâmetros estudados, para altura e diâmetro do coleto, a dosagem de 6 kg m-3 apresentou maiores médias, porém para área foliar, massa seca de parte aérea e raízes destacou-se o tratamento com dose de 12 kg m-3 de substrato. Verifica-se que nas doses avaliadas o efeito do fertilizante no crescimento das mudas foi positivo, sendo recomendadas doses diferentes de acordo com a espécie, evitando custos com adubações desnecessárias. Para aroeira e jacarandá-da-bahia, considerando todos os parâmetros estudados, a dosagem mais indicada seria entre 3 a 6 kg m-3 de substrato. Para guapuruvu e ingá a adubação pode ser feita com doses entre 6 a 12 kg m-3. Tais resultados mostram que, mesmo sendo rico em matéria orgânica e nutrientes, um substrato com 100 % de biossólido pode necessitar aplicação de fertilizante para suprir as necessidade nutricionais e promover maior crescimento das mudas florestais. Considerando uma altura da parte aérea de 30 cm como ideal para a expedição (SCREMIN-DIAS et al., 2006), espécies de crescimento rápido, como a aroeira e o guapuruvu, levam em torno 120 a 180 dias para irem ao campo, quando utilizado substrato comercial, enquanto que utilizando biossólido, no período de 45 a 65 dias as mudas dessas espécies já estavam com altura para expedição. O mesmo pôde ser constado para as mudas de espécies de crescimento mais lento, como o ingá e o jacarandá- da-bahia, que com o uso do substrato comercial, levam em torno de 180 a 240 dias para irem ao campo, tem seu tempo de produção reduzido para 90 a 160 dias com o uso do biossólido. Cinco meses após o plantio a sobrevivência em campo das mudas de aroeira e ingá de todos os tratamentos, foi de pelo menos 90 %, não havendo a necessidade de replantio, já que na restauração florestal, são tolerados até 15 % de mortalidade. As espécies guapuruvu e jacarandá-da-bahia, no geral apresentaram mortalidade acima dos 15 %, com sobrevivência variando entre 75 a 85 % e 45 a 85 % respectivamente. Apenas o tratamento de 3 kg m-3 para guapuruvu e de 12 kg m-3 para jacarandá, com 85 % de sobrevivência cada, obtiveram o índice mínimo de perda para povoamentos de restauração florestal.
   Conclui-se, que para as condições que foi realizado o experimento, as mudas de todas das quatro espécies estudadas responderam positivamente ao uso do fertilizante de liberação lenta, sendo recomendadas dosagens de 3 a 6 kg m-3 para aroeira e jacarandá-da-bahia 6 a 12 kg m-3 para guapuruvu e ingá.

FONTE XX REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 59 

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