Cintia Carla Niva1 , Maria Inês Oliveira2 , Arlini Rodrigues Fialho3 , George Gardner Brown4 , Giuliano Marchi1 , Éder de Souza Martins1 1 Embrapa Cerrados – Planaltina - DF, cintia.niva@embrapa.br; 2 IFB - Planaltina-DF, 3 UPIS - Planaltina – DF, Embrapa Florestas – Curitiba-PR4 .
Alguns agrominerais silicáticos (pós de rocha) podem ser classificados como fertilizantes ou
condicionadores do solo por servirem como fonte de macronutrientes e terem efeito
alcalinizante. Por outro lado, também podem conter elementos com potencial de contaminação
do solo e água, dependendo do teor total e da cinética de dissolução dos minerais. Os
agrominerais, portanto, devem ser caracterizados quanto ao potencial poluidor e tóxico às
plantas, animais e microrganismos. O objetivo do trabalho foi estudar o possível efeito dos
agrominerais incorporados ao solo sobre a sobrevivência e reprodução dos enquitreídeos, que
são oligoquetas utilizados como indicadores da contaminação do solo. Os pós de rocha biotita
xisto e fonolito são fontes de potássio. Os seus efeitos sobre os enquitreídeos foram testados
seguindo a metodologia da norma NBR ISO 16387/2012. Adaptações foram adotadas à
metodologia, tais como a redução do tempo do ensaio de efeito sobre a sobrevivência para sete
dias e do ensaio de efeito sobre a reprodução para 21 dias, temperatura de 25 ± 1º C, solo
artificial tropical com 5% de matéria orgânica e uso de uma espécie brasileira Enchytraeus sp.
As concentrações testadas foram 0% (controle, apenas solo), 0,1, 1, 10 e 100% de pó de rocha
biotita xisto ou fonolito moídas (partículas com diâmetro < 0,3 mm). A biotita xisto e o fonolito
reduziram a sobrevivência de Enchytraeus sp em 36 e 98%, respectivamente, em relação ao
controle apenas na concentração 100%. No ensaio de efeito crônico (reprodução), uma redução
no número de juvenis só foi observada quando os enquitreídeos foram expostos aos pós de
rocha puros (100%), que constituem um meio mais alcalino (biotita pH = 8,5, fonolito pH =
9,5) do que os demais tratamentos (pH 6,1 a 7,1). A redução do número de juvenis em relação
ao controle foi maior para o fonolito puro (75%) do que a biotita (54%), sugerindo que o
organismo teste utilizado foi possivelmente mais sensível ao fonolito, rocha que além do maior
pH também apresenta maior quantidade de sal. Como a dose mais eficiente de pó de rocha para
o desenvolvimento de plantas determinada em casa de vegetação é de 240 kg ha-1 de K2O, tanto
da biotita xisto como do fonolito, essa dose equivale a uma concentração entre 0,1 a 1%.
Portanto, os resultados sugerem que esses dois pós de rocha, aplicados nas doses agronômicas,
não causam letalidade ou efeito deletério sobre a reprodução de enquitreídeos. Experimentos
utilizando solo natural como substrato estão em andamento para confirmação dos resultados.
FONTE: FERTBIO2016/DIVULGAÇÃO