Pular para o conteúdo principal

Pesquisador trabalha com fungos para reduzir uso de fertilizantes na agricultura


A finitude do petróleo no planeta é tema há muito debatido pela sociedade. Alternativas aos combustíveis fósseis, como energia eólica ou solar, são aperfeiçoadas e ganham mais possibilidades de uso, ano após ano. Não é o caso de outro recurso não-renovável muito mais essencial à vida humana: o fósforo. Imprescindível para a fotossíntese das plantas, o não-metal é o único macronutriente ausente na atmosfera – encontrado apenas em rochedos ou no próprio solo, é extraído para a produção industrial de fertilizantes agrícolas. Sem substitutos possíveis (ao contrário do petróleo), o fósforo já apresenta uma demanda maior que sua oferta, o que pode colocar em risco, em poucas décadas, a produção de alimentos no mundo.
Uma das alternativas para diminuir a dependência de fertilizantes fosfatados na agricultura vem sendo estudada há mais de uma década na Universidade Regional de Blumenau (FURB) pelo biólogo e professor Sidney Luiz Stürmer. No final de 2012, seu projeto de pesquisa sobre o uso de fungos micorrízicos na agricultura e no reflorestamento, em parceria com duas universidades catarinenses (UFSC e Udesc) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), recebeu R$ 500 mil da FAPESC para desenvolver um inoculante micorrízico (produto para inserir fungos na raiz das plantas) capaz de atender às especificações da legislação e do mercado brasileiro.
Troca
Fungos micorrízicos arbusculares são aqueles que penetram nas raízes das plantas e, em troca dos carboidratos que absorvem delas, fornecem fósforo, nitrogênio e outros nutrientes em maior quantidade que a absorvida normalmente. A capacidade de melhorar a produtividade e a resistência de vegetais com o uso destes fungos começou a ser estudada na Inglaterra, nos anos 60.
Segundo Stürmer, PhD na área pela Universidade de West Virginia (Estados Unidos), as pesquisas no Brasil tiveram início no final da década seguinte. “Entretanto, até hoje a oferta de inoculadores micorrízicos no país é insipiente, ao contrário do que acontece na Europa, Colômbia e Estados Unidos, onde há leis que obrigam o uso destes fungos para diminuir o impacto ambiental e os gastos com fertilizantes químicos”, explica Stürmer. Além de questões legislativas, a não utilização de inoculante micorrízico na agricultura brasileira é também conseqüência da falta de políticas agrícolas para diminuir o uso de fertilizantes químicos, além do desconhecimento dos próprios agricultores.
Produtividade
O uso de inoculantes micorrízicos não dispensa a utilização destes fertilizantes, mas melhora a qualidade geral do solo. Estudos realizados no final da década de 1990 pelo especialista José Oswaldo Siqueira apontavam, após a inoculação dos fungos, um aumento de produtividade em cafezais mineiro de até 60 sacas por hectare. Em plantações de milho e soja, produtores conseguiram diminuir em até 56% a quantidade de fertilizantes com o mesmo ou até melhor retorno na safra. Na Serra Catarinense, no município de Anita Garibaldi, um experimento com milho, realizado há dois anos pelo professor Stürmer,  também demonstrou um aumento na produtividade desta cultura com o uso de inoculante micorrízico.
Na imagem acima, corte microscópico de uma raiz com fungos micorrízicos arbusculares

Postagens mais visitadas deste blog

Depredação do patrimônio público escolar é CRIME e pode causar pena de detenção por até 6 meses

O que é Patrimônio Público segundo a Lei Nº 4.717/65? É o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta e indireta. Segundo a definição da lei, o que caracteriza o patrimônio público é o fato de pertencer ele a um ente público – a União, um Estado, um Município, uma autarquia ou uma empresa pública. O que diz o Código Penal (Lei Nº 2.848/40) sobre Dano ao Patrimônio Público? Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima Pen...

Estádios fenológicos e marcha de absorção de nutrientes da soja.

Autoria:  OLIVEIRA JUNIOR, A. de; CASTRO, C. de Confira neste material:  Estádios fenológicos: fase reprodutiva (crescimento indeterminado e determinado); fase vegetativa. Marcha de absorção de nutrientes da soja: macronutrientes (nitrogênio, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e enxofre) e micronutrientes (Boro, manganês, cobre, zinco). Extração e exportação de macro e micronutrientes em diferentes cultivares de soja: BRS 184, SYN 1059, DM 6563 - Intacta RR2 PRO (tm).

#RELEMBRE HISTÓRIA : Arado de tração animal

             Por volta de 5000 a.C., o ser humano cansou de vagar em busca de terras boas para o cultivo e de depender de minhocas para preparar o solo. Nossos antepassados usavam galhos de árvores para afofar o solo e fazer sulcos onde eram colocadas as sementes, como enxadas primitivas.        Como nessa época o ser humano já havia dominado a metalurgia e a domesticação de animais, inventou um utensílio feito com galhos bifurcados (que depois recebeu uma pedra afiada na ponta) que, puxado por animais, arava a terra.Os sumérios foram os primeiros a utilizarem arados tracionados por animais.         Como o arado comum sempre tomba a terra para um mesmo lado,é impossível ter-se linhas consecutivas trabalhadas em sentidos inversos, que estragariam o terreno. Usam-se então esquemas para dividir a área em glebas, arando umas na ida e outras na volta. É preciso t...